Com a liberação pelo MEC de vários cursos pela modalidade EaD, muitas são as ofertas e facilidades oferecidas. Na área da Enfermagem- curso superior, não está sendo diferente. Há um ano, o MEC, através do decreto 9235/2017- revogou o decreto anterior 8.754/2016-  que tinha algumas restrições a Cursos de Enfermagem a distância.  O Sindienfermeiros alerta à sociedade e não recomenda esse tipo de curso.
Para a diretora de Comunicação do Sindienfermeiros - Valeska  Fernandes Morais de Souza, ainda que o Ensino a Distância em Enfermagem ter sido aprovado pelo MEC, não tira o caráter imoral, contido nesse modo de ensino e formação profissional.  "Para questões de Enfermagem, uma profissão que demanda procedimentos, vivencias, gerencia e sensibilidade é imoral se submeter a um profissional que teve formação a distância", enfatizou a diretora do sindicato.

GRADE CURRICULAR- Na grade curricular nos cursos de Enfermagem existem disciplinas teóricas, optativas, teórico-práticas e práticas, e há previsão de alguns  modulos a distância. A dirigente sindical Valeska , explica que o MEC  aprovou cursos EaD em Enfermagem com  critério ." De se manter parte da oferta, em EaD  com demanda maior no ensino presencial.  No currículo aprovado,  as disciplinas teóricas e optativas podem chegar em torno de 20 a 30% na modalidade a Distância. Já as de maior  importancia, as teórico-práticas e práticas tem que ser obrigatoriamente presencial", informou Valeska Morais.

FACULDADES NÃO RESPEITAM  -  Mas de acordo com a dirigente sindical, as faculdades estão desrespeitando o currículo EaD definido pelo MEC. "As escolas estão tirando vantagem disso e invertendo a oferta, em vez de colocar 30% em EaD, estão colocando de 60 a7 0% a distância, mantendo presencial somente os modulos práticos. Ou seja, colocando a maior parte a distância, o que prejudica o ensino de Enfermagem", assegurou a representante do Sindienfermeiros.

CURRÍCULO E MERCADO DE TRABAHO-  Outro aspecto a ser observado no EaD em Enfermagem  é o currículo, alerta Valeska Morais,  em especial sobre a postura do mercado. "Em relação ao mercado de trabalho, e isso cabe ao sindicato dizer, os grandes hospitais avaliam cada currículo profissional e independente do cargo que se vai exercer, (com exceção das OSs, que quanto mais mão de obra barata, melhor), os melhores empregos avaliam positivamente  as formaçoes de cursos universitários 100% presenciais. É nosso papel, de sindicato, orientar a comunidade, a sociedade a não optar por estes cursos", analisou Valeska.
EM BUSCA DE PRATICIDADE E COMODIDADE- Muitas são as situações que levam as pessoas a buscar uma graduação a distância, carga horária de trabalho, recursos financeiros, distância de grandes centros, baixo  custo, idade, maior flexibilidade no tempo, compatibilizar afazeres domésticos, filhos entre outras.  A liberação pelo MEC do sistema EaD, de vários cursos e em todos os níveis, médio, técnico, tecnólogo, graduação, pós- especialização latus sensu, mestrado, doutorado e pós doutorado, tem gerado uma oferta em ritmo de aspiral crescente, nos estabelecimentos privados.

SEM RIGOR NA FISCALIZAÇÃO- Ainda no ano passado 2017, outro decreto 9057/2017, derrubou a fiscalização direta nos polos presenciais de cursos a distância. A fiscalização que até então era  feita por amostra nos diversos polos EaD, e de forma não tão rigorosa, agora nem isso mais é feito. Isto porque,  agora as instituições não precisam mais ter seus próprios polos de apoio e ensino da prática, os estabelecimentos de ensino podem alugar espaços, firmar convênios com outras instituições, enfim, terceirizar o processo do exercício técnico e prático da formação. Ou seja, para uma formação complexa como a de ensino de Enfermagem, é mais um sério risco à qualidade do profissional e de seu atendimento.

INTERESSES DE MERCADO- Professores da Universidade Federal do Espirito Santo (UFES) chamam atenção para a falta de compromisso das empresas educacionais, no aspecto social da profissão. A professora Marcia Valéria de Souza Almeida, do Departamento de Enfermagem da Ufes, observa que existem  grupos, inclusive norte americanos que dominam o setor privado da área de formação de cursos de saúde, chegando agora no Espírito Santo, com oferta de Enfermagem, sem compromisso com o social. " Trata-se de uma empresa americana riquíssima que domina o mercado de prestação de serviços nessa área. Não estão preocupados com qualidade e compromisso social com a formação profissional. O interesse é puramente mercadológico", disse a professora .
Marcia Almeida também falou que aqui no Espirito Santo, também houveram iniciativas contra os cursos a distância. "Ocorreram várias audiências públicas sobre esse tema, que manifestaram a posição contrária a esse tipo de curso. O problema é que não incomodamos mais desde então, e instituições como essa se aproveitam da nossa imobilidade para lançar cursos. Pela legislação do MEC eles estão respaldados para abrir o curso, já que receberam um parecer favorável. Mas existem formas de coibir, inclusive via Conselho de Enfermagem.  Em outros estados essa situação é vigiada de perto por esses órgãos, que denunciam este tipo de oferta à justiça", explicou a professora.
O Sindienfermeiros vai retomar o debate e ações de fiscalização dos Cursos EaD, e também produzir outras pautas sobre este tema.

Fonte: Marcia Valéria de Souza Almeida