As entidades de classe da enfermagem do Espírito Santo subscritas, vêm a público expor a discriminação, a falta de respeito, de zelo e de cuidado com os auxiliares, técnicos e enfermeiros da rede pública e privada de saúde.  A perpetuação da desvalorização e exploração desta categoria, em detrimento de interesses econômicos e hegemônicos, compromete o direito e a assistência à saúde de qualidade às pessoas.  

A pandemia da Covid-19 foi reconhecida pela Organização Mundial da Saúde em 11/03/2020, e desde então, a Enfermagem exerce protagonismo nas ações de saúde. Essa categoria profissional é responsável pela assistência direta e contínua nas 24 horas, todos os dias da semana, em todos os estabelecimentos de saúde, desenvolvendo o cuidado integrado nos ambientes hospitalares, de urgência e emergência, dentre outros espaços.  

No decorrer da pandemia, a equipe de enfermagem, segundo dados epidemiológicos, foi a que mais se expôs e adoeceu no mundo em decorrência do coronavírus. Precisou e precisa superar medos, limitações físicas, emocionais, sociais, econômicas, condições de trabalho desumanas, jornadas de trabalho extenuantes, assédio moral, violência e baixos salários para cumprir seu papel social.

 O cuidado à saúde é uma atividade complexa, já que o conceito em si determina uma visão ampliada do processo saúde/doença, exigindo capacidade técnica-científica com aprimoramento permanente. Desde sempre a enfermagem trabalha em defesa da vida e das políticas públicas em todos os níveis. Assim, além de aplausos e do “título” de heróis, nada de concreto nos foi proporcionado até hoje!  

O Executivo, o Legislativo, o Judiciário e a própria lei, nos declaram essenciais.  Porém, quando vem à tona reivindicações e a necessidade de implementar ações de valorização e reconhecimento dos profissionais, o debate torna-se superficial e utópico. Imediatamente nos privam do status de essenciais e nos qualificam como onerosos e dispensáveis, corroborando com a manutenção de um sistema que privilegia o capital em detrimento do trabalho humano.

Passados mais de 12 meses de enfrentamento à pandemia, estamos no pior momento, o que requer medidas restritivas para o controle da disseminação do vírus em nosso Estado. Destacamos a limitação do transporte coletivo, inclusive de circulação de sua nos bairros, proporcionando a mobilidade apenas dos trabalhadores da saúde.  Este fato é mais um estressor, frente ao contexto pandêmico e histórico da profissão. A única alternativa para muitos é andar vários quilômetros para ter acesso ao ônibus e, daí, chegar ao serviço.  

Nossa profissão, há aproximadamente 66 anos, busca incansavelmente a regulamentação da jornada de trabalho semanal e o piso salarial, bandeiras de luta da categoria. Contudo, ainda não houve gestor público ou privado, e/ou representantes eleitos pelo povo comprometidos em corrigir tantas injustiças.   

Considerando os apontamentos, conclamamos aos auxiliares e técnicos de enfermagem, enfermeiros e a sociedade que sejam parceiros na cobrança aos agentes públicos de ações concretas e imediatas na proteção do exercício profissional, da saúde dos trabalhadores e da coletividade, para: i) respeitar o princípio da isonomia; ii) garantir jornadas, condições de trabalho  e remuneração dignas; iii) disponibilizar equipamentos de proteção individual em quantidade, adequados e de qualidade; iv) atender a normativa do dimensionamento da equipe de enfermagem definida pelo órgão fiscalizador; v) reorganizar trajeto dos transportes coletivos, enquanto durar a quarentena, essas solicitações visam à garantia do exercício profissional  pleno, seguro e  de qualidade.

 

Vitória-ES, 30 de março de 2021


ASSINAM A NOTA:

Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo – Coren-ES

Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo

Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Espírito Santo – SINDIENFERMEIROS

Sindienfermeiros participa de Tribuna Livre na sessão de hoje - CÂMARA  MUNICIPAL DE CARIACICA - ES

Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Espírito Santo